terça-feira, 27 de setembro de 2011

CELEBRAÇÃO DOS 140 ANOS MARCA MOMENTO HISTÓRICO DA DENOMINAÇÃO BATISTA BRASILEIRA

Em três dias de celebrações memoráveis, a comemoração dos 140 anos da primeira igreja batista em solo brasileiro reuniu cerca de nove mil pessoas no Espaço de Eventos da Usina Santa Bárbara, em Santa Bárbara D´Oeste, no interior paulista. Juventude, missionários, autoridades políticas e pessoas que se destacaram na história dos batistas estiveram presentes nessa grande festa.

“Aquilo que começou com poucos irmãos norte-americanos tem se multiplicado em todo território nacional. E nós estamos aqui para celebrar essa história. Não poderíamos começar de outra maneira que não com um culto no qual Missões é a ênfase. Se estamos aqui é porque missionários vieram até nós”, declarou o pastor  Manoel Ramires Filho, presidente da Convenção Batista do Estado de São Paulo (CBESP), no discurso de abertura do evento, no último dia 8 de setembro, quando foi realizada a Noite de Missões.

Na ocasião, foi lançado o selo oficial dos Correios e Telégrafos Brasileiros alusivo aos 140 anos dos batistas.

Honrando o passado

A Comissão de Programa da Festa dos 140 Anos fez uma justa homenagem ao pastor  Ebenézer Soares Ferreira, como o ex-presidente da CBB mais idoso; e à irmã Margarida Lemos Gonçalves, como a missionária com mais tempo de atividade, pela sua contribuição à história dos batistas. 

“Estar presente num momento como esse e receber essa homenagem, para mim, significa o coroamento de atividades que outros começaram e eu continuei. Quando eu partir, outros levarão essa obra adiante porque a pátria ainda não foi salva por Cristo. Ainda há muito trabalho a ser feito”, analisou a missionária Margarida, 84 anos, que trabalha desde 1948 em Tocantins.

DNA Batista

Em sua preleção, o pastor  Irland Pereira de Azevedo, pastor emérito da Primeira Igreja Batista de São Paulo, destacou o DNA Batista. 

“Essa celebração não foi constituída só para lembrar os elementos marcantes dos começos da obra batista no Brasil, mas também para reafirmar o nosso compromisso de evangelizar o Brasil. Embora a primeira igreja batista no Brasil não tenha sido fruto de missões, ela nasceu com a vocação missionária, por isso alcançou os brasileiros, dentre os quais o primeiro pastor batista brasileiro, e forneceu membros para a primeira igreja batista missionária, em Salvador. Essa igreja recebeu membros que eram da Igreja Batista em Santa Bárbara D´Oeste. No início, não havia vocação missionária, mas o DNA missionário se expandiu. Temos em nossa constituição, em nossa natureza, a visão multiplicadora”.

Homenagens

O pastor  Fernando Brandão, Diretor- Executivo da Junta de Missões Nacionais, apresentou alguns dos missionários da JMN e o pastor  Adílson Ferreira, representante da Junta de Missões Mundiais, fez uma homenagem póstuma ao pastor Waldemiro Tymchak, que trabalhou durante 29 anos à frente da JMM. A missionária Creusa Ligya Motta Barreto, filha dos missionários pioneiros em Missões Mundiais,  pastor . Waldomiro e Ligya Motta, também recebeu uma homenagem. 

“Eu me sinto com os pés na história. É muito forte para mim estar aqui. É uma experiência gratificante”, observou o pastor  Josué Mello Salgado, ex-presidente da CBB que aprovou, em 2009, a realização da celebração dos 140 anos da primeira igreja batista em solo brasileiro em Santa Bárbara D´Oeste.

Um dos momentos mais tocantes da Noite de Missões foi a apresentação do Coro da Cristolândia, composto por ex-dependentes químicos moradores da Cracolândia, em São Paulo, agora restaurados pro Cristo Jesus. 

Destacando os homens e mulheres que deram do mais precioso de suas vidas para que tivéssemos a denominação que temos hoje, o pastor . Valdo Romão, Diretor- Executivo da CBESP declarou: “O trabalho batista começou com Missões: de Santa Bárbara para o norte, o sul, o leste e o oeste, proclamando a mensagem salvadora de Jesus Cristo. Homens e mulheres foram usados para essa obra”. 

Lotação esgotada

Na Celebração da Juventude, no dia 9 de setembro, o Espaço de Eventos da Usina Santa Bárbara ficou completamente tomado por jovens, de todas as idades, vindos de todas as partes do país. 

“A juventude sempre teve um papel muito importante no sentido de trabalhar, agir e contribuir para que a denominação se estabelecesse e se expandisse. Os jovens estão sempre envolvidos nos projetos missionários. Já somos a juventude que faz parte da história hoje e não mais uma promessa para o futuro. Vamos ajudar a continuar escrevendo essa história impactando de verdade a sociedade, contribuindo para a sustentabilidade e segurança”, disse Ilson Júnior, presidente da JUBESP ( Juventude Batista do Estado de São Paulo).

Flechas

“A juventude tem que procurar caminhar na direção daquilo que agrada ao Senhor. A cada dia temos buscado um diferencial através da comunhão, do relacionamento e da busca intensa de reconhecer aquilo que Deus tem para as nossas vidas”, comentou o pastor  Diego Bravim, presidente da JUMOC ( Junta de Mocidade), presente ao evento. 

Bravim explicou que foram estabelecidos alvos para a Juventude Batista Brasileira, que ele denominou de flechas. O primeiro é que a juventude integre a igreja e seja comprometida com a igreja local, que não seja a juventude do futuro, mas a igreja do presente. O segundo: a JBB precisa ser representativa na sociedade, se posicionando diante de tanta inversão de valores, crueldade e injustiça; que os jovens sejam a voz dos que clamam por justiça, semeando o principal, a Palavra de Deus. 

Jovens fazendo a história

A missionária Analzira Pereira do Nascimento, coordenadora do JMM Jovem, deu início à sua palavra apresentando fotos de líderes mundiais e da denominação batista quando jovens. Contando um pouco da sua trajetória em missões, ela enfatizou: “O que seremos amanhã será configurado agora. A história nós construímos agora, não podemos viver do passado nem ficar só pensando no futuro”.

Ao final, Analzira, que trabalhou durante 17 anos na África, fez um apelo, sugerindo uma oração aos jovens: “Deus, não me deixe de fora daquilo que o Senhor está fazendo no mundo”.

A noite foi encerrada com a apresentação da Banda Resgate, cujos quatro integrantes se converteram numa igreja batista. Cantando músicas que marcaram sua trajetória de 22 anos, o Resgate agradou os jovens de todas as idades. 

Marco histórico

O último dia de celebração pelos 140 Anos teve início com uma visita à capela que abrigou a primeira igreja batista em solo brasileiro, localizada, hoje, no chamado Cemitério dos Americanos. No final da tarde do sábado, 10 de Setembro, data exata do nascimento da Primeira Igreja Batista em Santa Bárbara D´Oeste, um grande número de pessoas esteve na praça, em frente à Igreja Batista Cidade Nova, onde está sendo construído o Marco Histórico, representado pelo Púlpito Batista. 

“Estamos em praça pública porque esse é um dos valores dos princípios dos batistas: a liberdade de expressão. Queremos deixar, de forma indelével, nesse tempo que celebramos 140 anos da primeira igreja batista em solo brasileiro, a certeza de que para nós é uma grande alegria poder resgatar essa questão de ordem histórica. Irmãos de outra América vieram aqui e plantaram a primeira igreja batista no Brasil. A nossa missão é levar cada brasileiro a conhecer Jesus Cristo”, discursou o pastor Sócrates Oliveira de Souza, Diretor- Executivo da CBB. 

A cerimônia contou com a participação do Coral da Primeira Igreja Batista de São José do Rio Preto, com quase cem vozes. 

“Nós não estamos aqui por conta de um marco histórico, mas de uma história que deixa um marco”, explicou o pastor  Valdo Romão, Diretor-Executivo da CBESP, que também apresentou o conceito do marco histórico: “O Púlpito Batista”. Do púlpito, nestes anos, tem se pregado a Bíblia, que revela Jesus, o Filho de Deus. O púlpito indica direção, por isso, está sobre os pontos cardeais (Rosa dos Ventos). De norte a sul, de leste a oeste deste país, vidas têm sido resgatadas, famílias têm sido restauradas, bairros e cidades têm sido impactadas pela proclamação da Palavra de Deus transmitida dos púlpitos batistas”. De maneira enfática pastor Romão  mostrou o compromisso prioritário que nós, os batistas, temos: “A pregação da Palavra de Deus”. 

Culto Solene

Com a presença de dezenas de pastores da denominação, a Celebração Solene teve as participações musicais do Coro da PIB de São José do Rio Preto, da Banda da Associação Centro Leste e do Grande Coro de 200 vozes formado pelas igrejas da região. A preleção ficou por conta do pastor Carlos Novaes, da Igreja Batista Barão de Taquara, Rio de Janeiro.

“Espero que consigamos  ter uma noção melhor da importância que os batistas têm na evangelização do Brasil e, principalmente, na formação dos ideais ocidentais que hoje a  sociedade  desfruta como democracia, liberdade religiosa  e  separação entre Estado e Igreja. Esses são princípios que os batistas defendem desde que surgiram e essa comemoração é bem importante para realçar isso”, observou o pastor  Novaes.

A programação contou ainda com o lançamento do livro “O Marco Inicial Batista”, pela Editora Convicção, de autoria do pastor  Marcelo Santos, da Igreja Batista da Graça, São Paulo.

“Participar dessa celebração é um privilégio muito grande para mim. Não havia melhor ocasião para lançar, oficialmente, o livro ‘O Marco Inicial Batista’, que nasceu da minha tese de mestrado, em 2002. São momentos de gratidão e reconhecimento aos que começaram o trabalho batista no Brasil”, declarou o pastor  Marcelo. 

Autoridades

O prefeito de Santa Bárbara D´Oeste,  Mário Heins, que abriu as portas do Município dando todo o apoio para o êxito das celebrações, esteve presente e demonstrou conhecimento da história dos batistas. Estiveram presentes também os vereadores Danilo Godoy e Zeca Gonçalves. 

“Hoje a cidade de Santa Bárbara D´Oeste se alegra por ter acolhido a comunidade batista há 140 anos. Imigrantes norte-americanos que aqui encontraram uma nova pátria e trouxeram a arte de cultivar o algodão e ferramentas agrícolas mais modernas do que o Brasil possuía. Além disso, trouxeram significativas contribuições na área da educação e da saúde, entre outras. A contribuição dos batistas não foi só para Santa Bárbara, foi para o país. Para nós é uma alegria estarmos fazendo justiça a tudo de bom que essa comunidade evangélica nos trouxe e tudo isso começou em Santa Bárbara D´Oeste”, analisou o prefeito. 

A Presidente Dilma Roussef, o Governador do Estado de São Paulo, Geraldo Alckmin, e o Presidente da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, Barros Munhoz, enviaram mensagens de felicitações aos batistas do Brasil.

Bastidores históricos

Num ambiente permeado pelas lembranças da trajetória dos batistas no Brasil, nesses 140 anos de história, figuras que se destacaram por fazer parte desse legado batista estiveram presentes à Celebração Solene. Nos bastidores e no palco, uma celebração do ontem e do hoje com o olhar voltado para o amanhã. 

“Essa celebração nos ajuda a firmarmos a importância da nossa imigração e a rememorar o que os nossos antepassados fizeram pela pátria. Os imigrantes trouxeram a nós a Palavra de Deus, cumprindo o ‘ide e pregai’”, destacou Grace McNight Pfaffenbach, presidente da Fraternidade Descendência Americana.

“Temos muito a agradecer à dona Betty Antunes de Oliveira. Ela batalhou muito para que a igreja de Santa Bárbara fosse reconhecida como a primeira igreja batista em solo brasileiro. Para mim é uma emoção muito grande estar aqui”, disse Charlotte Estele Vaughan, 82 anos, descendente dos imigrantes fundadores da Primeira Igreja Batista em Santa Bárbara D´Oeste. “Trabalhei durante 39 anos, na União Feminina; dei aulas, por 23 anos consecutivos, no IBER; tive o privilégio de fazer parte do Conselho da Aliança Batista Mundial, por cinco anos. Fui a primeira mulher brasileira a fazer parte desse conselho; e fui membro da Primeira Igreja Batista do Rio de Janeiro, por 33 anos. O pastor dizia que eu fazia parte da história daquela igreja, já que foi o meu tio-avô que indicou uma pensão para o missionário Bagby. O dono da pensão era batista e lá foi organizada a primeira igreja, com quatro membros, no dia 24 de agosto de 1884”, expõe Charlotte, numa verdadeira aula de história dos batistas no Brasil, evidenciando a excelente memória.

Impossibilitada de comparecer à cerimônia, por recomendação médica, a autora do livro “Centelha em Restolho Seco”, Betty Antunes de Oliveira, que já está com 92 anos, foi representada pelo seu filho, Nelson Ajuricaba Antunes de Oliveira. 

“Sinto-me  emocionado e honrado em poder transmitir uma mensagem vinda do coração da autora do livro Centelha em Restolho Seco, o registro e o testemunho da epopeia dos primeiros americanos que deixaram sua terra e sua pátria e adquiriram uma nova pátria, trazendo com eles não só o seu entusiasmo, sua dedicação e sua tecnologia, mas, acima de tudo, a mensagem do evangelho, o qual foi pregado inicialmente nessa região, há 140 anos, e hoje está espalhado, como uma centelha no capim seco, por todo Brasil”, observou  Ajuricaba. 



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