Um princípio defendido pelos batistas como um dos pilares deste grupo religioso é a autonomia da igreja local. Dentro deste pensamento entende-se que a igreja local, por maior ou menor que seja, não está submetida ao estado, outra igreja ou qualquer outra instituição. Devendo sempre respeitar as leis do país, quando estas não impuserem a violação da fidelidade a Deus, e por conseguinte as Escrituras Sagradas. Há aqueles que afirmam esta autonomia como soberania da igreja local, o que dá um significado ainda maior ao contexto da igreja local.
O princípio da autonomia está intimamente ligado ao Governo Congregacional da igreja, onde a decisão não pertence a um grupo de clérigos, mas a igreja, orientada pelo Espírito Santo, exerce a Teocracia através da Democracia. Outro grande fator de equilíbrio da autonomia da igreja local é a cooperação com outras igrejas de “mesma fé e ordem”.
O que tem se percebido nos últimos tempos é uma ênfase na soberania (autonomia) da igreja local, para defender o “direito” a algumas posturas que destoam daquilo que é historicamente aceito pelos batistas e pela cristandade.
Percebe-se também que muito do que é feito, sob a alegação da legitimidade da igreja local em ter aquela postura, não é algo desenvolvido pelo espírito do governo congregacional e sim da visão do líder/pastor que, na maioria dos casos, implanta um método gerencial no governo da igreja onde os “iluminados” do conselho decidem pela igreja, deixando assim o governo congregacional pelo episcopal ou monárquico, mesmo que isso nunca seja assumido formalmente. No caso do governo monárquico é ainda mais espantoso, pois a igreja local inicia uma rede de filiais e não as dá o direito a autonomia, autonomia essa que a igreja em questão tanto defende para si.
Certo dia, em uma reunião da sub-seção da OPBB em que sou filiado, um pastor alegou que “nossa autonomia é o nosso trunfo e nosso Calcanhar de Aquires”.
Isso tudo me faz lembrar o período da história onde a organização social se dava através dos Feudos. Nesse período os reinos eram divididos por porções de terra chamados de Feudos, onde o Senhor Feudal era, por princípio legal, submetido ao Monarca, que era o senhor feudal mais poderoso. Os senhores feudais tinham seu poder concedido pelo rei, e tinham seus exércitos particulares e povo (camponeses) sob seu governo e, em muitos casos, opressão.
É uma pena, mas, embora não seja a maioria (oro para que nunca seja), é possível perceber semelhanças entre igrejas e feudos, onde líderes/pastores mantem-se como senhores feudais poderosos e dispõe-se a não submeterem-se a nenhum consenso denominacional, ou aliar-se a projetos comuns para o crescimento do Reino de Deus, pois a visão particular quase sempre não se harmoniza com o que é praticado ou almejado pelo todo. Há uma incredulidade quanto a ação do Espírito Santo na igreja, por isso governam a igreja segundo sua visão particular, suprimindo o Governo Congregacional e fazendo da Assembléia da igreja apenas um órgão homologador de decisões pré-determinadas.
A modernidade já chegou, e já estamos no que alguns chamam de Modernidade Tardia, Modernidade Liquida, pós-modernidade, etc. Não há lugar para feudos neste tempo. Vivamos em crescente harmonia, cooperando uns com os outros na sinalização de que o Reino de Deus está aqui. Desenvolvamos as pessoas, entendendo que não estamos trabalhando para formar um feudo poderoso, mas aliados com outras igrejas locais lutamos pelo Reino de Deus, contra o Império das Trevas.
Cá pra nós...sua congregação é uma igreja local ou um feudo eclesiástico?
Até mais!
Deus te abençoe!
Pastor da 1a Igreja Batista em Parque Hinterland
Belford Roxo / RJ
Com 36 anos de idade, o nobre colega já está ficando um pastor maduro.
ResponderExcluirFraterno abraço!
Pr. Adriano Pereira de Oliveira, 67 anos de idade, 38 de pastorado.
Caro Amigo, vale lembrar também que umas das principais caractéristicas de um feudo era o privilégio de nascimento, em que a burguesia era privilegiada com status e coisas mais, em troca da legitimação que davam ao Sr Feudal...Então veio O Absolutismo que foi um golpe dentro do golpe, uma forma encontrada para manutenção desses privilégios... Vejo em "nossas" igrejas que essas práticas perpetuam e com muito bom gosto você as criticou de forma concisa e inteligente... Me orgulho de Ti e de ser sua ovelha!!!
ResponderExcluirRômulo Faria.
Não existe nada pior que uma ditadura disfarçada de democracia. Mas isso vale tanto para a Igreja local como para as organizações. Às vezes uma igreja local decide soberanamente adotar uma forma de trabalho, sem o concurso de minorias "iluminadas", porém, se essa forma de trabalho não obedece às "tradições de homens" da denominação, então pixam aquela igreja.
ResponderExcluirO irmão deveria lembrar que não estamos neste mundo para fazer a vontade de organização nenhuma mas a de Deus o qual não criou institutições porque Ele não precisa de nossa ajudinha para fazer a Obra do Pai.
Alguém disse ao irmão que está ficando maduro somente porque escreve de acordo ao seu modo de pensar. Mas se o irmão dissesse qualquer coisa "ousada" certamente o comentário seria todo o contrário. Não me surprenderia que este comentário não aparecesse depois.
Não se iluda com a suposta democracia batista porque ela na verdade não existe. Uma das piores coisas que temos herdado dos americanos é seu costume de não deixar aos povos escolherem livremente sua forma de se conduzir, para o qual inventam toda sorte de argumentações.
Talvez o senhor tenha boas intenções, mas ainda é novo para completar o quebra-cabeças todo.
Saudações em nome dAquele que é o dono da Obra. Jesus, o suficiente.
Gostei do texto de sua lavra, pela seriedade quanto ao problema de entendimento do que é igreja local e o aviltamento da democracia Batista.
ResponderExcluirUm Feliz Natal!
Pr Gilson Batista - DF
Gostei do que li, principalmente porque é muito difícil aguém denunciar as práticas incoerentes. O senhor o fez com sabedoria, se quisermos espaço para expor nossa opinião e continuar tendo voz temos que saber nos colocar.
ResponderExcluirÉ claro que nós batistas nos orgulhamos do nosso sistema, apesar de estar muito longe o ideal de democracia(ideal este que em momento algum da história humana se concretizou), e não enxergamos os grandes absurdos que cometemos, mas temos que lembrar que, apesar de instituída por Deus, a Igreja é formada por seres imperfeitos, que precisam estar constantemente clamando pela direção do Espírito Santo para não cometermos enganos.
Eu acho que este é o caminho: reconhecer nossos erros, clamarmos a Deus e estarmos atentos e dispostos a acertar as coisas que precisam ser mudadas. Entendendo que este deve ser um movimento do Espírito Santo de Deus.
A paz do Senhor seja com todos!
vou aplicar para meus alunos
ResponderExcluirPois é. E quem sofre com isso são as ovelhas... sempre...
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